segunda-feira, 9 de junho de 2014

Educação Infantil: eixo principal das infâncias

A educação infantil corresponde a um período das infâncias, de zero a cinco anos de idade, hoje no Brasil. Ela não tem a obrigatoriedade de ser preparatória para o ensino fundamental, embora algumas instituições tenham este objetivo.

Quando digo infâncias, no plural, quero que entendam que não existe um único tipo de infância. Vou exemplificar para que entendam melhor: a infância de crianças que moram em cidades grandes e vivem em condomínios, não é igual à infância das crianças que vivem em uma cidade pequena que não possui prédios, trânsito, e que permite que elas possam brincar livremente pelas ruas porque não existe perigo de violência. Embora o período da infância corresponda, na legislação brasileira, de zero a doze anos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estas acabam por serem diferentes, de acordo com a cultura e local onde a criança vive.


A educação Infantil deve ter como proposta uma educação que leve em consideração as diferentes infâncias, que atenda às potencialidades, características e necessidades específicas de cada criança, respeitando seu jeito singular de ser e de estar no mundo. O planejamento deve ter como eixo as interações e as brincadeiras, sempre respeitando a natureza de ser da criança. Ser criança humanizada é considerar que a criança produz cultura e que é nas culturas que as crianças são produzidas! 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Dimensão artístico-cultural na vida dos professores

Falamos tanto dentro da área da educação infantil que as crianças precisam possuir, em sua formação, a dimensão artístico-cultural, mas para que elas  tenham esta oportunidade, fico me questionando como é isto dentro da vida dos professores de educação infantil? Eles conhecem museus, arte, literatura, pinturas, esculturas, vão a cinemas, teatros, enfim, possuem a dimensão artístico-cultural em suas vidas?

Se a resposta for “ Não”  porque sua cidade não oferece estas dimensões, ou porque  vocês não tiveram esta oportunidade em sua formação acadêmica,  ou mesmo dentro de sua  história familiar, como poderão dar valor e ensinar sobre esta ótica artística cultural?


Ninguém ensina nada para o outro se não estiver enraizada, dentro de si, esta formação; isto é uma questão de lógica! Portanto, pensar que em sua formação, no curso de Pedagogia, seja ministrada esta dimensão, como vivências a partir do teatro, do desenho, da música, da dança, e do o cinema, de saraus,  de  exposição de quadros e esculturas... tudo isso faz parte da dimensão artístico-cultural! Então, valorizar isto é necessário e importante se quisermos que os professores repassem estes conceitos para as crianças na educação infantil. Para ensinar, é preciso conhecer; e para tal, é preciso se repensar no currículo do curso de Pedagogia! Aliás, é fundamental, necessário e urgente neste país do faz de conta, chamado Brasil.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Cartaz de tempo

Vi em uma foto de sala de aula, de uma professora de crianças de 4 anos, um cartaz de tempo da seguinte  forma: Sol com carinha; Sol com carinha e uma Nuvem com carinha também; Nuvem com carinha de ventania; Nuvem com carinha chovendo. 

Desculpem-me, mas achei ridículo e sem significado real algum! Mas vou lhes explicar porque isto é ridicularizar, ou até mesmo infantilizar as crianças chamando-as de idiotas. Vamos lá... Quando olhamos para o céu, as nuvens, o sol, ventos e chuvas possuem carinhas e/ou rostinhos? Não! Então, por que colocar um cartaz na educação infantil, cujo  período de descobertas, experimentações, vivências é tão rico e promissor, com algo que não seja real?


Se quiserem fazer este tipo de cartaz façam, mas pensem que as crianças precisam aprender a fazer uso de representações com significado real, de fato! Nada de querer fantasiar com os fenômenos da natureza, já que essa forma, do jeito como está no cartaz, corresponde a algo bastante subjetivo. As crianças estão em fase de formação de representações mentais e precisam de realidade, de verdade e de significados. Se nós lhes ensinamos coisas que não são verdadeiras ─  porque o sol não tem carinha e/ou rostinho, e porque chuva, em uma época do ano é extremamente importante e traz muita felicidade, assim como excesso de sol ou de vento pode vir a representar danos irremediáveis à saúde ou às plantações, cuidado! Como vocês querem que as crianças acreditem em vocês, em tudo o que ensinam, se vocês, professores, passam a ser motivo de chacota? Isso mesmo, porque as crianças de hoje, muito mais rápidas e antenadas do que as crianças de uma outra época, de um outro tempo, vão perceber que estão lhes ensinando  coisas que não existem, de fato, ou que são relativas, dependendo do contexto, da situação!. Professor, você poderá ser motivo de chacota quando as crianças percebem que seu conteúdo – é uma inverdade! Num simples cartaz de tempo vocês podem perder a credibilidade infantil! Pensem nisto.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Crianças: culturas infantis

É muito comum, na literatura de educação infantil, vocês encontrarem o conceito de que crianças produzem cultura e são produzidas por ela. Mas o que significa isto, de fato?

Primeiro precisamos entender o conceito de cultura aqui utilizado. Hannah Arendt no seu livro: Entre o passado e o futuro (1972:267), nos relata que “Cultura é o modo de relacionamento do homem com as coisas do mundo”. Neste sentido, o modo como as crianças se relacionam com outras pessoas ─ sejam elas crianças ou adultos ─ e como se relacionam com o ambiente no qual convivem e vivem, é cultura. E elas moldam e são moldadas por esta cultura para formar o seu “EU”. Portanto, produzem e são produzidas nas culturas infantis, ou seja, nas vivências, experiências, nas relações e contatos.

As crianças, por exemplo, brincam com um cabo de vassoura que vira cavalo, mudando o rumo estabelecido dos objetos para atender às suas necessidades do momento. Elas olham o mundo de maneira espontânea, criando e recriando brincadeiras de acordo com a sua vontade. Olhar o mundo da criança a partir do ponto de vista da criança, entendendo como ela se relaciona com os objetos e com as pessoas, pode revelar para nós, adultos, surpresas e uma outra maneira de ver a realidade. Uma realidade cercada de crianças e de suas culturas infantis. Isto é importante para que enxerguemos seu mundo e sua forma de se relacionar, e para que possamos planejar as atividades de acordo com o que elas pensam, sem achar que elas não sabem nada, que são um mero receptáculo oco à espera de um conteúdo que venha lhes preencher! Mas também, não podemos propor atividades e/ou situações significativas que não estejam de acordo com o seu desenvolvimento naquele determinado tempo. O ditado popular: “ nem tanto no céu, nem tanto na terra”,  cabe aqui neste momento. As atividades e/ou situações significativas não podem ser fáceis e nem difíceis demais, mas devem, sempre, respeitar as culturas infantis às quais as crianças pertencem.


terça-feira, 3 de junho de 2014

Diálogo da modernidade: “Quanto custa?”

Quanto custa um tênis? Um IPAD? Um TABLET? Um IPHONE? Um...Um...Um...Um...

Quanto custa o tempo que dispensamos às pessoas que amamos?  Quanto custa dizer: “Filho (a) eu te amo!” Quanto custa um abraço? Quanto custa um beijo? Quanto custa uma conversa verdadeira, amigável?
Afeto não tem preço quando dispensado de verdade! Mas pode custar caro a falta dele, mais tarde, na vida de seu filho (a). Pode custar uma internação em uma clínica de recuperação de drogados, pode custar caro quando tiver que visitá-los em uma cadeia ou em um hospital, pode custar caro quando não tiver mais o que fazer por seu filho, e este chegar a morrer!


Mais do que o dinheiro, custará  a dor da perda, o lamento profundo de não ter sido presente no momento presente... então, antes que isto aconteça, comece a valorizar cada momento, cada segundo com sua família de maneira saudável! Em vez do diálogo do “quanto custa?” que tal o diálogo do “eu te amo”?

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Cartaz de Combinados

Vi uma foto, em uma rede social, um cartaz de combinados feito de E.V.A., com duas corujinhas lindas; combinava com a decoração da sala que era toda de corujinhas. No cartaz havia regras escritas pela professora, anteriormente à chegada das crianças de cinco anos. Não vou discutir aqui se a decoração estava adequada ou não, mas vou colocar as regras, como estavam no cartaz, para que possamos analisar juntos:

1-       Respeitar os colegas e professores;
2-        Usar as palavrinhas mágicas;
3-       Ter cuidado com seus materiais;
4-       Não jogar lixo no chão;
5-       Não sair da sala sem permissão;
6-       Prestar atenção na aula;
7-       Não gritar;
8-       Manter a sala organizada;
9-       Esperar sua vez de falar;
10-   Fazer muita amizade e ser feliz.

Bem, mais uma vez preciso dizer que este tipo de cartaz não funciona, somente serve de decoração para a sala de aula ou espaço de referência. Por que não funciona? Porque, ao que tudo indica, são regras que não foram criadas de acordo com as necessidades e acontecimentos do grupo! Foram colocadas na parede sem a conversa prévia e sem ter acontecido algum tipo de comportamento citado no cartaz. Além do mais, algumas regras são abstratas e sem sentido, por exemplo, “usar as palavrinhas mágicas”. E quais são as “palavrinhas mágicas”?  Para nós, adultos, que já vivenciamos situações específicas, vem à nossa mente frases e expressões assim: “Com licença”, “por favor”, “obrigado”!Agora, se a criança ainda não ouviu que essas “palavrinhas” fazem parte de um contexto, de uma situação, como saberá que estas são as “palavrinhas mágicas” às quais a lista de regras se refere?


Ai, professores, cuidado com os absurdos que vocês cometem ─ muitas vezes  sem pensar ─  porque reproduzem para a sua sala de aula algo que viram/ouviram em algum lugar e acabam por repetir apenas por acharem lindo, sem pensar no que estão fazendo!  Crianças de cinco anos têm um pensamento concreto e imediatista, ainda não sabem ler, e estas regras são para inglês ver... quem sabe a coordenadora ou diretora, mas nenhuma eficácia ou eficiência!